sexta-feira, 13 de maio de 2011

O Último Mestre do Ar


M. Night Shyamalan. Esse é o nome chave desse filme. Se o resultado foi o que agora está sendo exibido nos cinemas, a culpa é desse cara. Vindo de uma carreira que eu representaria como um gráfico de uma função expoente descrescente (relevem o meu novo lado matemático de ser, culpa da faculdade), Shyamalan teve seu auge com O Sexto Sentido, filme que tenho que concordar é muito bom. Depois seus trabalhos começaram a perder o sentido e aquela pegada original necessária para fazer sucesso com a grande massa e com os críticos. Filmes como A Vila, A Dama na Água, Sinais, Fim dos Tempos entre outros foram alguns dos sucessores do famoso "Eu vejo gente morta", mas não tiveram o mesmo sucesso. Desses quatro que citei, só gosto mesmo de Sinais, por causa da temática extra-terrestre que sempre me atrai. Do resto só não assisti A Dama na Água, mas posso dizer que dispenso os outros dois com fervor. Não vou falar sobre a carreira do cara, que ainda considero um diretor legal. Estou aqui para falar de O Último Mestre do Ar, trabalho mais recente de Shyamalan.

Para quem não sabe, o filme é uma adaptação da série de desenhos da Nickelodeon, Avatar: A Lenda de Aang. A base da história é a mesma, com a única diferença que o filme é um grande resumo de toda a primeira temporada da série, conhecida como Livro Um: Água. A trama se passa num mundo onde pessoas podem "dobrar" os quatro elementos, ar, água, terra e fogo. Várias nações e tribos estão sendo manipuladas e ameaçadas pela nação do fogo. É aí que dois irmãos, Katara e Sokka, encontram um menino que ficou congelado por 100 anos no gelo. O menino, de nome Aang, se diz ser um dobrador de ar, espécie de dobrador já extinta e ser o Avatar, único no mundo capaz de dobrar os quatro elementos ao mesmo tempo. Juntos, Aang, Katara e Sokka vão partir para o norte para que Aang possa aprender a dobrar a água e assim enfrentar a nação do fogo.
Eu adoro essa temática de elementos e gosto bastante da idéia de poder manipular elementos da natureza. Só com isso já acho que esse filme tinha tudo para ser visualmente bonito e ter uma trama interessante. Bom, o filme é incrivelmente bonito. Os cenários, figurino, lutas e principalmente as cenas de dobra dos elementos são de encher os olhos, porém o roteiro é terrivelmente ruim. Na tentativa de compilar toda uma temporada de 20 episódios em menos de duas horas de filme, o roteiro se transformou em uma narrativa corrida, com informação demais e tempo de menos e muitas, MUITAS vezes incoerente. A quantidade de cenas sem sentido, desnecessárias e mal editadas é enorme, fazendo o filme perder o ritmo em vários momentos e nos fazer perguntar: "Oxe! Que diabos de cena foi essa?".

Diferente do desenho, que abusa do humor, o filme tem um tom sério a maior parte do tempo, com pouquíssimas cenas de humor, o que cria uma atmosfera de tensão que poderia ser muito bem trabalhada. Porém aí entra outro defeito: a atuação do elenco. Alguns personagens não conseguiram mostrar a que vieram, representando de forma fraca e não dando à já citada atmosfera de tensão, a devida importância. Mais um ponto que deveria ter sido trabalhado por Shyamalan, já que seus filmes sempre possuem um lado psicológico fortíssimo. Pelo menos o protagonista, que é estreante, conseguiu interpretar bem o seu papel e não me decepcionou.
Mas é claro que não vou criticar negativamente o filme o tempo todo. Como disse, o visual do longa é lindo do início ao fim (até os créditos são bonitos de se assistir), com fotografia legal, cenários imensos e com uma arquitetura linda. Outro ponto que posso elogiar é a trilha sonora, composta por James Newton Howard (O Cavaleiro das Trevas e As Crônicas de Nárnia), que é incrivelmente empolgante, combina com o clima zen do filme e sabe dar ritmos às cenas de batalha. Preste atenção na música no clímax da Batalha da Nação da Água do Norte no final do filme. É simplesmente épica.

Enfim, O Último Mestre do Ar poderia ser um filmaço. Tinha trama, material e diretor para isso, mas infelizmente não saiu como deveria. Recomendo como uma diversão passageira, pois não é nenhuma obra-prima. O 3D também não tem nada demais. Quase nada sai da tela, o que me faz pensar se ainda devo pagar pra ver esses filmes convertidos para o 3D, ou se devo apenas ver em 2D, já que têm o mesmo efeito. Não trato o filme como a crítica americana e brasileira têm tratado. O filme não é nenhuma ecatombe do cinema. Já vi filmes muito piores esse ano, por isso digo que O Último Mestre do Ar tem o seu valor, pena que não é tão valioso como um Avatar seria para os interesses da tribo do fogo...

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