terça-feira, 26 de julho de 2011

Penseira - Eu, Harry Potter, e as Relíquias da Morte


Acabei de chegar da minha quarta sessão de Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 2. Acho que comentários sobre o filme são dispensáveis, né? Todos que já viram sabem que é um primor em termos cinematográficos e como adaptação, e sem dúvida é o final perfeito para a série. Mas estou aqui para fazer um pequeno comentário sobre essa sessão de hoje, onde assisti ao filme na companhia dos meus pais e da minha avó.


Desde o primeiro filme eu os-levo para as estréias de Harry Potter nos cinemas. Era quase como um ritual anual. Tem filme novo de Harry Potter esse ano? Então estaremos lá, no primeiro lugar da fila! Fazia meus pais chegaram mais de duas horas antes da sessão que íamos pegar, só pra garantir um bom lugar. Eu era o tipo de criança que ficava sem dormir na véspera das estréias, tamanha era minha ansiedade para chegar logo ao cinema e assistir mais um filme da série. Mesmo depois de ter passado pela adolescência, jamais perdi esse furor de espera por qualquer coisa relacionada à Harry Potter. E, mesmo com as reclamações, comentários maldosos e brincadeiras, principalmente nos últimos filmes, eu sempre empurrava meus pais para todas as estréias. Não que eles não gostassem. Eu sabia que a diversão deles era exatamente tirar sarro da história e das situações fantasiosas dos filmes. Enquanto os dois reclamavam e criticavam, minha vó era sempre aquela que estava ali para apoiar minha paixão e felicidade com o filme que estava sendo exibido nas telas. Era ela que sempre comentava os filmes comigo, fazia questão de ver todos, de ir para as estréias comigo, de enfrentar filas e tudo o mais. Era óbvio que ela não entendia praticamente nada do que os longas falavam, mas mesmo assim ela saia das sessões empolgada e sempre perguntando quando sairia o próximo. Porém toda essa ansiedade, essa espera e expectativa não irá jamais se repetir. Não haverão mais estréias. Eu não vou mais ver meus pais criticando o filme e minha mãe gritando no cinema "Réuri Póter!". Não vou mais ver minha vó ansiosa pelo próximo filme. Eu mesmo não vou ter mais o que esperar.


Assistir Harry Potter pela última vez hoje com eles foi algo especial e único pra mim. Foi como fechar um ciclo. Melhor ainda foi ver que eles não estavam achando o filme chato, como sempre achavam. Eles adoraram! E isso foi o melhor presente que eu poderia ganhar. Apesar de não gostarem do fato de eu ainda ser fã da série, percebi que eles entenderam pelo menos um pouco da grande e real história que tanto tentei fazer eles absorverem durante todos esses anos. Percebi que eles entenderam o que me fez me apaixonar por aqueles sete livros. E isso me fez muito feliz. A situação só piorou quando minha vó comentou logo depois do final do filme: "Poxa, ano que vem não tem mais... Vou sentir saudade...". Aquilo partiu meu coração. Não só pela saudade que vou ter dos filmes, dos personagens, dos livros e da história, mas também daqueles momentos com minha família, quando eu podia compartilhar algo que eu amo com eles. Assim como eu, percebi que minha vó também vai sentir saudades das estréias, das filas, da espera pelos próximos filmes. Já enumerei várias coisas boas que Harry Potter me trouxe, mas esses momentos realmente vão me fazer muita falta. Mas não é porque eles não vão se repetir que eu vou esquecê-los não é mesmo? Assim como vou levar para sempre dentro de mim as amizades, lições, lágrimas e sorrisos que os livros e filmes me trouxeram, eu também nunca vou esquecer da empolgação da minha vó a cada filme, das brincadeiras e comentários de meus pais e do apoio que eles, da forma deles, tentaram me dar durante todos esses anos.


Na minha opinião, a palavra que define Relíquias da Morte Parte 2 é "Sempre". É isso que Snape diz para Dumbledore quando ele questiona sua lealdade e amor por Lílian. É isso que a própria Lílian fala para Harry quando ele pede que ela fique por perto na hora de sua morte. É isso que Neville fala para Voldemort quando diz que Harry sempre estará dentro de todos nós. "Sempre" é a palavra certa para definir tudo o que a saga Harry Potter representa para mim. As amizades que eu ganhei sempre estarão comigo. Os sorrisos e as lágrimas que soltei sempre estarão comigo. As lições e lembranças que guardei sempre estarão comigo. Os momentos especiais, como as estréias ao lado da minha família, sempre estarão comigo. É esse o real motivo de eu amar tanto essa série. Se não fosse por ela, eu jamais teria tanta coisa boa e bonita dentro de mim para lembrar.
Dumbledore diz para Harry em King's Cross para ele não ter pena dos mortos, e sim ter pena dos vivos, principalmente dos que vivem sem amor. E se tem uma coisa que Harry Potter me trouxe foi amor. Amor de amigos, de família, de palavras, de lembranças. E é isso que vou guardar, sempre, dentro de mim até o momento que eu tenha que pegar meu próprio trem em King's Cross...

terça-feira, 12 de julho de 2011

Especial Harry Potter - Minha História

É, tá acabando... Harry Potter chega ao seu fim nos cinemas essa semana e, pensando em fazer minha homenagem pessoal à série, decidi escrever um texto sobre a minha relação com a saga. Vou tentar resumir um pouco minhas histórias, o que ganhei e o que aprendi com essa série tão marcante em minha vida. Espero que você, fã ou não, goste, se divirta, se emocione e se identifique. É a melhor forma que encontrei de expressar meu amor pela história desse "bruxinho" com o qual eu tive o prazer e a honra de acompanhar até o derradeiro fim...
Eu nunca fui um garoto muito dedicado à leitura. Pelo contrário, ganhar de presente um livro tanto no meu aniversário quanto em outras datas festivas era algo totalmente frustrante. Lembro que, em um dos meus aniversários, ganhei O Pequeno Príncipe de minha vó, acompanhado de um lindo conselho de que deveria lê-lo e refletir como minhas inseguranças, dúvidas e pensamentos podiam ser comparados aos dele. E eu não dei a mínima para o livro. Portanto não me julguem, mas a mesma coisa aconteceu quando eu tive meu primeiro contato com Harry Potter.
Foi no natal de 2000. Eu tinha 9 anos. Toda a família estava reunida na casa do meu tio na noite de natal, como de costume. Eu tenho três primos da mesma idade que eu, então nesse tipo de festa familiar nós éramos o centro das atenções e, é claro, dos presentes. E como toda criança que se preze, nós sempre esperávamos brinquedos e coisas legais dos nossos tios, avós e pais. Imagine a decepção que nós tivemos ao ver que nosso tio tinha dado um livro para cada um de nós! Meu primo ganhou um livro sobre grande invenções do mundo. Minhas duas primas ganharam um tal de Harry Potter e alguma coisa, só que cada um tinha um sub-título diferente. Quando abri o meu, vi que eu também tinha ganhado um livro daquele Harry Potter. Agradeci educadamente e fui brincar com os brinquedos que eu tinha ganhado dos outros familiares.
O tal do livro do Harry Potter ficou intocado na minha estante por um mês e meio mais ou menos, até eu, no ápice de uma crise de tédio típica das férias, resolvi pegá-lo para ler pelo menos o comecinho e passar um pouco o tempo. Eu não sabia nem pronunciar direito o título, mas foi assim que li Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban pela primeira vez e tive meu primeiro contato com a série de J.K. Rowling. Uma semana depois eu já tinha acabado o livro. Um recorde, se levarmos em conta que eu demorei quase dois meses pra ler O Pequeno Príncipe, que é muito mais curto. Eu ainda não conhecia a ideia de uma série de livros, então fui procurar saber e descobri que Harry Potter era uma série com três livros publicados até aquele momento, e eu tinha o terceiro e mais recente. Pedi logo os livros (também intocados) que minhas primas também tinham ganhado de natal emprestado e foi assim que li Harry Potter e a Pedra Filosofal e Harry Potter e a Câmara Secreta. Pouco tempo depois comprei meus próprios exemplares de cada um. Já estava claro que eu estava me tornando um fã da série e que aquilo estava se tornando algo importante pra mim.


A partir daí passei a acompanhar as novidades sobre a saga de forma quase compulsiva. Lembro que ficava horas e horas rezando pra que a minha internet discada conectasse pra eu poder, pelo menos por alguns minutos, ler alguma novidade ou salvar alguma imagem legal sobre a série no computador antes que a conexão caísse novamente. Ficava louco em busca de rumores sobre os títulos dos próximos livros, sobre as teorias e idéias que os fãs tinham sobre o futuro da história. Apesar de nunca participar de forma ativa de fóruns e páginas de discussão sobre a série, eu sempre estava ali, lendo tudo que todos escreviam, refletindo e criando minha própria opinião. Sem mesmo saber o que era uma fan-fic, lembro que escrevi uma pequena e ridícula fic chamada Harry Potter e o Mistério do Natal. O "livro" não passava de uns dez capítulos com umas quatro páginas cada, escrito à mão em folhas de caderno e com a capa desenhada por mim. Não lembro de muita coisa, mas lembro que Harry voltava no tempo de um jeito muito semelhante à experiência de se usar uma penseira nos livros, e assistia a cena do natal em que seus pais foram assassinados...
A partir da chegada de Harry Potter e o Cálice de Fogo às prateleiras, passei a comprar os livros religiosamente no dia de lançamento no Brasil e devorá-los em questão de poucos dias. Eu fazia de tudo para ser o primeiro a chegar na livraria para comprar o meu. Lembro que obriguei minha mãe a sair quase de madrugada de casa num sábado só para a gente chegar cedo na Siciliano e comprar meu exemplar de Harry Potter e a Ordem da Fênix antes que todos acabassem. Quando chegamos na livraria não tinha quase ninguém lá para comprar e a livraria estava com uma montanha (literalmente) de livros dando sopa. Ela quase me mata!
Aos poucos minha fome pela leitura não aguentou mais se alimentar apenas de Harry Potter, apesar de ser meu prato preferido até hoje... Foram nesses hiatos entre um livro e outro, entre uma releitura e outra, que passei a procurar outros livros para ler e novos mundos para explorar. Minha mãe me deu de presente A Ilha Perdida, da Maria José Dupré, e eu me interessei muito pela história. A partir daí descobri que maravilha era a biblioteca da minha escola. Se antes eu achava aquele o lugar mais chato e inútil de todo o colégio, agora eu contava as horas para o intervalo chegar e eu poder passar o recreio lá procurando novos livros para ler. Me tornei amigo da bibliotecária que recomendava muito livros interessantes, em sua maioria literatura infanto-juvenil brasileira. Li muito Pedro Bandeira e outros atores desse estilo, sempre procurando livros com essa fórmula de mistérios e aventuras, tão presente nos livros de J.K. Rowling.
Lembro que Harry Potter já havia chegado aos cinemas nessa época e já tinha se tornado uma febre entre as crianças que só passaram a conhecer a história através do filme. Eu mesmo fui responsável por apresentar a série para toda minha turma de terceira série. Nossa professora também estava lendo e adorando os livros e a gente conversava muito sobre a história e nossas partes favoritas. Ela até chegou a ler algumas partes de A Pedra Filosofal para a nossa turma e me acobertou quando eu menti para a turma toda dizendo que tinha médico para ir e por isso iria faltar aula. A verdade? Estava indo para a estréia de Harry Potter e a Pedra Filosofal nos cinemas.
Era fato que eu tinha mudado. Aquele menino que não se interessava por livros, que rejeitava qualquer coisa que tivesse letras demais e imagens de menos tinha se tornado um garoto totalmente diferente. Minhas notas melhoraram consideravelmente em redação e português. Meu desempenho escolar no geral melhorou e até minha habilidade de leitura foi aprimorada. Lembro que muitos colegas meus, quando tinham que ler algo em voz alta, demoravam horrores e tinham muita dificuldade para fazê-lo, ao contrário de mim, que lia tudo rápido, com as pontuações e entonações pronunciadas de forma correta. Sem perceber, Harry Potter mudou meu modo de ser e agir também como estudante.


Aos poucos fui crescendo e entrando na pré-adolescência e, junto comigo, vi Harry amadurecer também. Aqueles personagens passaram a servir de exemplo para mim. Se tornaram meus amigos mais íntimos. Em momentos de tristeza e problemas, Hogwarts era sempre meu refúgio, meu segundo lar. Palavras como as de Dumbledore em A Câmara Secreta significam mais do que sentimentalismo barato para mim. Hogwarts SEMPRE me ajudou quando eu recorri a ela. Seja jogando quadribol, seguindo as aranhas, voltando no tempo ou enfrentando um dragão, eu sempre podia entrar nesse mundo literalmente mágico e me sentir feliz, seguro e completo. Era um sentimento tão forte que ao completar os meus 11 anos, esperei receber minha carta de Hogwarts. Minha vontade era largar tudo e ir para aquele castelo em algum lugar da Inglaterra para viver aventuras tão legais quanto às de Harry e conhecer amigos tão incríveis quanto Harry Potter.
Com o passar do tempo e com o aumento da cobrança externa por responsabilidade, passei a perder um pouco daquela obsessão fanática que sentia pela série. Meu amor continuava o mesmo, só que controlado. A própria saga foi se tornando mais madura, adulta e sombria, quase que como um espelho da minha adolescência. Eu já interpretava de forma muito mais profunda toda a história de Harry. Tentava entender mais sobre cada personagem, seus sentimentos e modos de agir. Com minha evolução intelectual, passei a me interessar pelo inglês, e Harry Potter me ajudou nisso. Por ler, ouvir e ver muita coisa em inglês por causa da saga, vi meu inglês melhorar muito, assim como minha facilidade de aprender outras línguas. Enigma do Príncipe e Relíquias da Morte foram os dois primeiros livros que li em inglês sem ajuda de dicionários ou coisa do tipo.
Além dos livros, Harry Potter havia se tornado um fenômeno também nas telonas. Os filmes faziam milhares de fãs irem para os cinemas fantasiados para assistir a primeira sessão possível do filme mais recente. Eu, com meu excesso de ansiedade, chegava sempre uma sessão antes da que eu ia pegar e era o primeiro da fila. Fazia meus pais esperarem mais de duas horas pra ver o filme, mas valia a pena. Raramente meus pais entendiam a história, culpa dos roteiros, quase nunca favorecendo o público que não leu os livros. Minha vó também sempre foi para todas a estréia conosco. Apesar de cochilar boa parte do filme e não entender nadinha, era sempre ela que me incentivava a ir, assistir e ler os livros. E era sempre ela que saia da sessão e, enquanto meus pais reclamavam, virava pra mim e dizia toda empolgada: "Adorei! Quando sai o próximo?" Os filmes se tornaram uma extensão daquilo que minha imaginação já fazia quando eu lia os livros, porém jamais apagando a forma como enxergo aquele mundo e seus personagens.


Mas foi somente sete anos depois de eu ter aberto pela primeira vez um livro de J.K. Rowling que eu percebi o quanto Harry Potter é, e sempre será, importante pra mim. Quando terminei de ler a última página de Relíquias da Morte, uma parte de mim embarcou naquele Expresso de Hogwarts junto com Alvo Severo e nunca mais voltou. Lembro de ter terminado o livro no entardecer, sentado no quiosque do meu condomínio. Voltei pra casa, guardei o livro na estante, sentei na cama e então encarei os sete exemplares de livros enfileirados na minha frente. Todas as lembranças, emoções, palavras, imagens e presentes que a série me trouxe vieram como uma enxurrada para a minha cabeça. E eu chorei. Chorei por mais de uma hora. Chorei até meu corpo não conseguir mais produzir lágrimas para saciar minha vontade cada vez maior de chorar. Sentia felicidade, tristeza, saudade, paz. Até hoje não sei o que deu em mim naquele dia. Não sei descrever muito bem. Só sei que foi especial e muito forte.
Muita gente pode não entender tamanha paixão por algo que originalmente é uma série para crianças. Eu não ligo. Meus próprios pais não gostam que eu ainda seja um fã tão grande de Harry Potter. Limitados apenas pelo o que viram nos filmes, eles vêm a série como algo fútil, sem nada a acrescentar e extremamente infantil, chegando a tomar certas atitudes um tanto quanto absurdas apenas para tentar diminuir meu interesse por tudo isso. Inúmeras foram minhas tentativas de apresentar a "verdadeira" história para eles. Hoje simplesmente evito dividir com eles meus momentos de felicidade, emoção e ansiedade por notícias relacionadas à saga. Uma pena que eles não se lembrem o quanto Harry Potter me fez bem durante o meu desenvolvimento na infância e adolescência.
Em compensação, depois que descobri todo um mundo de fãs pela internet, fiz amizades que, apesar de serem em sua maioria virtuais, são muito importantes para mim. Como comentei, nunca fui muito ativo em fóruns, comunidades e coisas do tipo sobre a série na internet, mas com o pouco que pude participar do Potterish e Potter Heaven, por exemplo, tive o prazer de conhecer pessoas de outros estados e países que compartilham da mesma paixão que eu. Pessoas leais, íntegras, de boa índole e muito, muito incríveis. Vejo todos esses amigos como uma grande família que, apesar de tudo, jamais será desfeita. Os livros podem acabar, os filmes podem acabar, mas a história de Harry sempre estará dentro de nós. Em cada citação, encontro, música, cena, amigos e eventos que lembrarmos. Harry Potter nunca vai acabar.


E agora mais uma vez vou ter que enfrentar outro "final" para a série. Os filmes irão acabar. Aquela sensação gostosa de ansiedade que eu sempre senti com um novo trailer, pôster ou notícia sobre os filmes não se repetirá mais. Eu nunca mais irei pra uma estréia de Harry Potter. Por isso, me permiti cometer uma pequena loucura essa semana e ir para o Rio de Janeiro apenas para a premiere do filme. Nada melhor do que assistir o filme de forma tão especial e ainda com pessoas e amigos de todo país que também irão. Será como um grande encontro para fechar com chave de ouro essa etapa de nossas vidas. Mas só essa etapa. Ainda temos muita coisa aí sobre Harry Potter para esperar, como a expansão do Wizarding World e, é claro, o tão aguardado Pottermore.
Definitivamente essa magia jamais vai acabar dentro de mim. Harry Potter foi um marco na minha vida e tenho orgulho de dizer que ajudou a me tornar a pessoa que eu sou hoje. Talvez se meu tio não tivesse me dado aquele livro no natal de 2000, eu jamais teria vivido, sorrido, chorado e imaginado metade do que vivi, sorri, chorei e imaginei com e por causa de Harry Potter. Por isso me despeço com uma foto especial (que dispensa comentários) de quando tinha cerca de 10 ou 11 anos e com a citação da dedicatória que meu tio fez na minha edição de Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, meu livro favorito e que, posso dizer, mudou muito da minha vida...
"Felipe,
através da leitura
nós crescemos, aprendemos
e damos asas à nossa imaginação!"
Esse texto é dedicado a sete pessoas:
Mariana, Otávio, Flávio,
Carol, Raphael, Isa
e a você que, se está lendo isso,
é porque acompanhou, assim como todos nós, Harry até o fim...
E valeu a pena!

Obs: Sintam-se livres para dividir suas próprias experiências, lembranças e momentos marcantes da série também nos comentários! Nada melhor do que compartilhar essas coisas com pessoas que realmente entendem tudo isso!

sábado, 9 de julho de 2011

Dissecando: Harry Potter and the Deathly Hallows Part 2 Soundtrack


Trilhas sonoras sempre me fascinaram. O poder que a música tem de mudar e manipular o tom de uma cena e até mesmo de um filme inteiro é fascinante para mim. As trilhas de Harry Potter foram as primeiras trilhas sonoras que procurei ouvir na íntegra com a intenção de ouvir apenas o instrumental do filme e elas só aumentaram ainda mais minha paixão por esse hobbie, desde John Williams, passando por Patrick Doyle, Nicholas Hooper e finalmente Alexandre Desplat. A cada novo filme Potter lançado nos cinemas, ficava tão ansioso para ouvir a sua respectiva trilha sonora quanto para ver o filme em si. É por isso que, a poucos dias do lançamento da aguardadíssima conclusão da saga Harry Potter nos cinemas, com o lançamento de Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 2, resolvi ouvir a última trilha sonora de Harry Potter e deixar minha opinião e impressão pré-filme de cada faixa da mesma. Lembrando que em alguns momentos vou associar a faixa à sua determinada cena do filme, e por isso posso soltar spoilers sobre sua trama. Se você não leu os livros (em que planeta você vive?), recomendo que prossiga com cautela...

Lily's Theme
Deprimente e triste. É assim que descrevo essa faixa de abertura da trilha sonora. Focada principalmente em um coro feminino, a música me passa uma forte sensação de perda, tristeza e saudade. O vocal feminino só potencializa meus sentimentos, já que é uma característica em trilhas sonoras que me agrada muito. O tom é obscuro, e Desplat usa de forma delicada o violino que dá continuidade às emoções transmitidas pela voz lírica do início da faixa. Não é muito longa, mas abre de forma espetacular a trilha sonora, mostrando que o que vem pela frente, no caso do filme, é algo triste, nostálgico e imprevisível.

The Tunnel
A mudança de tom é brusca. Passamos da sutileza, delicadeza e sentimentalismo da faixa de abertura para uma faixa poderosa com altos tons de violinos e uma percussão forte que indicam claramente uma cena de ação memorável. Ao comparar com o livro, não consigo imaginar em qual cena essa faixa será usada, já que entre as cenas do Chalé das Conchas e a invasão de Gringotes não há nenhuma cena de ação que nos leve a algum tunel. Pensei que ela poderia ser usada durante a fuga do banco, já que perto do final ela diminui seu tom urgente de forma brusca, nos fazendo pensar em algo que está caindo (pra quem não lembra, no trailer do filme tem uma cena em que o dragão derruba o carrinho de Gringotes e todos caem em um abismo), porém a trilha sonora, aparentemente, está organizada pela ordem cronológica em que as cenas são exibidas no filme, portanto o jeito é esperar para ver em qual cena ela será usada. Apesar de curta, é uma faixa belíssima.

Underworld
Ainda sem saber em qual cena essa faixa se encaixa, Desplat inicia Underworld com um tom de suspense e tensão sempre bem expressado pelo violino pra só depois explodir essa tensão com a urgência da percussão e dos instrumentos de sopro em uma sequência metrada, de tons altos e baixos. Por ser longa, essa faixa parece que vai ser usada em uma grande cena de ação. Apesar de não estar na ordem certa dos fatos, aposto que ela será utilizada durante as cenas no subterrâneo de Gringotes, antes deles saírem do banco nas costas do dragão. Belíssima faixa para uma cena de ação que promete ser de tirar o fôlego.

Gringotts
Apesar de suspeitar que as duas faixas anteriores serão usadas em algum momento após essa, Gringotts é a faixa que vai dar início à grande cena de invasão ao Banco dos Bruxos. E como uma boa cena de invasão no melhor estilo espionagem, ela abusa do suspense para dar o tom ao que está acontecendo no filme. Usando sons de cordas, Desplat passa a sensação de que há algo traiçoeiro sendo tramado e executado durante a música. Provavelmente será usada enquanto o trio entra disfarçado em Gringotes e tenta enganar os duendes.

Dragon Flight
É quase impossível descrever essa faixa. Ela por si só já valia uma análise do tamanho de um texto. Claramente composta para a cena de voo do dragão, enquanto o trio foge de Gringotes, essa música possui tons muito fortes do estilo e jeito de compor de John Williams. Sua marca é tão forte que, em certo ponto, penso estar ouvindo a trilha sonora de filmes como Jurassic Park e E.T., pois Desplat usa os instrumentos de sopro com a mesma magnitude que John Williams gosta tanto de fazer. É de longe a melhor faixa do álbum até agora e promete melhorar ainda mais quando executada durante o filme. É também a primeira faixa a utilizar um tema dos filmes anteriores. Nesse caso, parte de Hedwige's Theme é tocada no meio da música, porém com tons modificados.

Neville
Essa com certeza é a música usada na  cena em que Harry, Rony e Hermione chegam em Hogwarts e encontram a Armada de Dumbledore escondida na Sala Precisa. Apesar de começar de forma obscura, ela rapidamente muda seu tom e revisita parte de uma faixa composta para Relíquias da Morte Parte 1 que é descrita pelo próprio Desplat como The Band Of Brothers Theme e é usada, tanto nesse filme como no anterior (na faixa Polyjuice Potion), em uma cena de reencontro de amigos. Logo depois a música muda um pouco de tom e me remete um pouco à rebeldia de A Ordem da Fênix ao abusar de notas urgentes e metradas de violino, provavelmente importante para mostrar as cenas de Harry saindo da Sala Precisa, ainda escondido, e iniciando sua jornada pelo castelo em busca das Horcruxes.

A New Headmaster
Como muitos já sabem, o momento que Harry revela que está entre os alunos de Hogwarts acontece, no filme, no salão principal e é também o momento em que Harry enfrenta Snape e o culpa pela morte de Dumbledore. Logo depois o novo diretor de Hogwarts aparata para fora do castelo. Provavelmente essa é a música dessa cena. Apesar de não ser muito inspiradora e ter tons um pouco mais leves e baixos, é uma faixa bonita que utiliza mais uma vez notas de Hedwige's Theme em sua composição. Seu tom é sombrio e um tanto quanto triste, terminando em uma crescente de tensão que termina de forma brusca, provavelmente para indicar o momento em que Snape aparata.

Panic Inside Hogwarts
Aqui a guerra parece finalmente começar. Provavelmente situada em algum momento após Voldemort usar sua voz para se comunicar com quem está no castelo, seu tom é realmente de pânico e de expectativa sobre algo grandioso que está para começar. Imagino que o início dessa música seja o momento em que Flitwick conjura aquele grande escudo que vimos nos trailers do filme até agora. O restante deve mostrar estudantes correndo em desespero e os mais velhos, junto com os professores, tentando controlar e organizar tudo.

Statues
Finalmente a trilha realmente vai adquirindo tons que me fazem lembrar de uma guerra. O ritmo do início dessa música me lembra muito o compasso usado em trilhas sonoras de filmes épicos, normalmente com cavalos em câmera lenta correndo em enormes planícies rumo à uma batalha eminente. Essa faixa também utiliza o violino e a percussão em excesso e sua metragem é perfeita com o tom protetor e de esperança que provavelmente deve ter a cena, já que é o momento que McGonagall dá vida às estátuas de Hogwarts para que elas possam proteger a escola do ataque eminente dos comensais da morte.

The Grey Lady
Provavelmente essa faixa será usada durante a jornada de Harry até o salão comunal da Corvinal, ao lado de Luna. Variando de tons leves e sombrios para momentos de tensão e ação, Desplat também utiliza de forma discreta um coro de vozes, que deve combinar com a presença da Dama Cinzenta na cena. Sem falar na flauta, usada de forma parecida com o som cortante e frio do vento. Mais uma vez a trilha assume momentos de sons metrados, abusando, como já de costume, do violino e da percussão.

In The Chamber of Secrets
Confesso que esperava nessa faixa algum tema para o beijo de Rony e Hermione, mas como beijos nunca foram o forte da saga Harry Potter (com exceção do beijo Harry/Hermione na Parte 1), minhas expectativas quanto ao beijo do casal da vez ainda estão baixas, e só diminuíram com a ausência de algo na trilha sonora que indicasse esse momento. Mas isso não faz falta nessa faixa, que já começa com um delicado pedaço de Hedwige's Theme interrompido por um macabro tambor que insiste em manter o ritmo acelerado da faixa, aumentando a tensão e os tons da música, culminando no ápice, quando instrumentos de sopro atingem notas altíssimas para representar, provavelmente, o momento em que Hermione tenta destruir uma Horcrux e a mesma se manifesta, assim como o Medalhão de Sonserina o fez quando Rony tentou destruí-lo.

Battlefield
Campo de batalha. É nesse momento que nós provavelmente saberemos o que está acontecendo na escola durante a guerra. Algumas notas de músicas já usadas por Desplat são usadas no início, porém o tom da música mantém seu ritmo urgente, com violinos e coros de voz representando o desespero de uma guerra. Mantém o mesmo tom e o mesmo nível de faixas como Panic Inside Hogwarts e Statues, o que deve acontecer em outras faixas criadas para mostrar cenas da Batalha de Hogwarts no geral. Ótima música para ser usada em tomadas aéreas da batalha e dos terrenos e corredores da escola.

The Diadem
Estamos novamente na sala precisa, porém dessa vez em seu formato de "depósito". A Horcrux da vez é a Diadema de Corvinal. A faixa começa com notas delicadas e um tanto quanto misteriosas. Desplat continua usando de forma muito discreta e belíssima a flauta para dar os tons necessários às cenas. O final da música toma um rumo diferente e usa notas graves e baixas de percussão que vai aumentando seu tom de urgência, provavelmente no momento em que Draco aparece para enfrentar o trio.

Broomsticks And Fire
Altas notas para os intrumentos de sopro, coro de vozes graves para dar o tom épico e o violino, é claro, mantendo a métrica e o ritmo urgente da cena. Impossível não prever que essa cena será incrível. Aqui percebo pequenos momentos em que Desplat utiliza instrumentos como o pandeiro em sua composição, provando que ele realmente sempre dá um jeito de usar instrumentos brasileiros em suas obras. Essa é a cena em que o fogomaldito começa a destruir toda a sala precisa e tanto o trio quanto Draco e seus capangas lutam para sair de lá com vida.

Courtyard Apocalypse
Os tons usados em Battlefield, e Panic Inside Hogwarts, por exemplo, se repetem aqui novamente, o que deixa claro que Desplat criou mesmo um tema para representar toda a batalha de Hogwarts como um todo. Essa canção começa dessa forma e vai aumentando suas notas. Tenho a impressão que esse é o momento que vemos as mortes e os estragos da batalha enquanto o trio volta ao campo de batalha em busca da próxima Horcrux.

Snape's Demise
Confesso que a morte de Snape é uma das cenas que mais espero ver nesse filme. E essa faixa, além de possuir tons sombrios, usa notas de Hedwige's Theme de forma quase homeopática enquanto a tensão aumenta para o que parece ser a morte do eterno professor de poções. A música então assume tons tristes e melancólicos, voltando à primeira faixa da trilha sonora e repetindo aqui o vocal feminino e os tons de Lily's Theme. É de arrepiar. A partir daqui a história de Snape começará a moldar e determinar os eventos que virão a acontecer no que resta do filme, por isso o personagem está tão presente, direta ou indiretamente, nos nomes das faixas da trilha sonora.

Severus And Lily
Essa é a faixa mais longa do álbum e é de longe uma das minhas favoritas. É aqui que vemos Harry ir à penseira e entrar nas memórias de Snape, onde descobre a verdade sobre o ex-diretor. Essa música me passa um sentimento de melancolia, injustiça, admiração e tristeza e só me faz pensar no quão trágica é a história de Snape. Seus tons são delicados e muitas vezes deprimentes, o que é essencial para que o público se identifique e entenda a verdade sobre o personagem. Basicamente apoiada nos violinos e seus tons mais graves e dramáticos, Severus and Lily tem tudo para ser a trilha sonora de uma das cenas que mais vai fazer os fãs derramarem lágrimas no cinema.

Harry's Sacrifice
Essa faixa me passa uma sensação de real sacrifício. Mas não aquele sacrifício forçado, mas sim algo digno de um herói, com bravura e coragem. Mesclada com tons de The Obliviation, primeira faixa da trilha sonora da primeira parte de Relíquias (e minha favorita), e terminando com notas lentas de Hedwige's Theme a tocar, posso sentir a tristeza, porém a certeza, de Harry ao decidir se entregar e fazer o que é certo por causa daqueles que ele ama. É lindíssima essa faixa...

The Ressurrection Stone
A mais linda e delicada faixa da trilha sonora na minha opinião é também a música que dará o tom musical à cena que mais me fez chorar no último livro: o momento em que Harry usa a Pedra da Ressurreição e volta a encontrar todos aqueles que morreram para protegê-lo, inclusive seus pais. Usando o som de cordas, piano e os mesmos vocais e notas usados em Lily's Theme, presenciamos o desenvolvimento e aprofundamento da tristeza presente na faixa de abertura da trilha sonora, quando os vocais atingem notas mais altas que me lembram muito os vocais utilizados por exemplo na trilha sonora de Titanic e que até hoje me arrepiam. É a primeira vez que me emociono com uma trilha sonora antes mesmo de ver o filme. The Ressurrection Stone é, por si só, suficiente pra fazer um fã derramar lágrimas.

Harry Surrenders
Não preciso nem dizer em qual cena essa música é usada. Tensão e expectativa exalam dos sons métricos dos violinos dessa faixa. Porém Desplat também usa um pouco de tons heróicos e que me remetem mais uma vez à bravura e ao sarifício de Harry. Não é exatamente épica para o que essa cena representa, mas é suficiente para criar o clima necessário para a mesma.

Procession
Tristeza e incredulidade é o que essa faixa me passa. Afinal, estamos falando do momento em que toda Hogwarts assiste um Harry Potter morto ser carregado de volta à Hogwarts depois de se entregar por todos os que estão ali. É perfeita para a cena e para o momento, pois o tambor levemente ritmado e o violino mais uma vez metricamente tocado dão à faixa um tom de luto que poucas vezes senti na série de filmes.

Neville The Hero
Aqui a bravura de Neville tem sua vez de ser representada e a faixa utiliza de forma belíssima os violinos para, com notas leves, ir crescendo seus tons e assim chegar ao momento em que a percussão e os instrumentos de sopro tomam conta da faixa e trazem à tona o sentimento de heroísmo antes escondido em Neville.

Showdown
Chegamos ao grande clímax, quando Harry revela estar vivo e finalmente temos o grande duelo final entre o bem e o mal. E a música é de tirar o fôlego. A trilha sonora atinge o tom máximo de urgência que o filme pode alcançar, com ritmo acelerado, violinos, percussão e instrumentos de sopro sendo ainda mais usados de forma genial. Percebemos também detalhes, como a flauta e objetos metálicos, para dar os retoques finais da faixa. A música funciona como uma grande montanha-russa de níveis sonoros e termina com notas altas, criando um pequeno intervalo para o que promete ser a grande queda do Lorde das Trevas.

Voldemort's End
Tudo o que você ouviu durante a trilha sonora de todo o filme se misturou nessas duas últimas faixas e criou um clímax musical épico, que passa não só o tom de urgência presente em todo o álbum, mas também o lado dramático que essa urgência traz: A necessidade de se por um fim em tudo isso. A derrota de Voldemort termina então com as notas altas diminuindo e, mais uma vez, Lily's Theme tocando de forma delicada, quase que para purificar e acalmar os nossos ouvidos depois de tanto caos. A batalha final entre Harry e Voldemort promete ser algo inexplicável, porque só a sua trilha sonora já é suficiente para me dar arrepios de empolgação.

A New Beginning
Nostalgia, negação, tristeza, felicidade, calma, sensação de dever cumprido, paz... Acho que é isso que essa canção, pequena, delicada e nada escandalosa quer transmitir. Me sinto triste só de pensar que é a última faixa de trilha sonora de Harry Potter que vou ouvir. Todos os instrumentos são usados de forma leve, apenas para dar o tom de despedida e recomeço que a cena final vai exigir. É emocionante e tocante e promete ser ainda melhor no filme.


Como humilde admirador de trilhas sonoras e fã da série Harry Potter, me arrisco a dizer que essa trilha sonora é uma das melhores da saga, perdendo apenas para as de John Williams (a do Prisioneiro de Azkaban ainda é minha favorita). Desplat superou seu trabalho já incrível na Parte 1 de Relíquias da Morte e conseguiu fechar musicalmente a série de forma primorosa. Agora só nos resta esperar para ouví-la nos cinemas. O fim de Harry Potter nos cinemas está próximo, porém não devemos esquecer que a série sempre estará viva dentro de cada um de nós, portanto vamos reler os livros, reencontrar os amigos, ouvir mais de mil vezes as trilhas sonoras e, é claro, fazer de tudo para que tenhamos a melhor última estréia de Harry Potter das nossas vidas! Para terminar, deixo aqui um vídeo que mostra Alexandre Desplat conduzindo a gravação da última faixa da trilha sonora do filme. É simplesmente magnífico.


Espero que tenham gostado desse primeiro Dissecando. Espero também que não tenha ficado muito cansativo. Tentei usar o pouco conhecimento que tenho sobre música, instrumentos e trilhas sonoras, mas como não sou nenhum entendedor do assunto, deixo aberto os comentários para quem tiver algo a acrescentar/corrigir e também para quem quiser simplesmente comentar e dar sua própria opinião sobre a trilha sonora. E que todos tenham um incrível dia 15! Nos vemos do outro lado...

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Carros 2: Crítica de Fã para Fã

s

Devo começar essa crítica lembrando que sou um grande (até demais) fã da Pixar, apaixonado por sua filosofia, arte, filmes e produções. Mas não é por amar esse estúdio que não posso criticar seu trabalho. E Deus sabe como não queria que eles fizessem uma continuação agora, depois de Toy Story 3. Ainda mais uma continuação de Carros, filme que considero o mais fraco entre o belíssimo currículo de longas do estúdio. Esse mesmo Deus sabe o quanto eu gostaria de dizer o contrário, mas Carros 2 é muito inferior aos seus companheiros longas da Pixar.
O filme se passa três anos depois do final do primeiro filme. Relâmpago McQueen já venceu quatro Copas Pistão e está de volta a Radiator Springs para passar mais um verão ao lado dos seus amigos, principalmente de Mate. Porém um desafio surge quando um carro de Fórmula 1 italiano desafia McQueen para participar de um Grand Prix mundial, patrocinado por um carro milionário que acabou de descobrir uma fonte de biocombustível que irá abastecer os competidores. Empolgados com os desafios da competição, que irá fazer os carros correrem em vários terrenos diferentes, McQueen parte com Mate e seus amigos para juntos, como uma equipe, vencer e provar que é o mais rápido do mundo. Porém durante a competição Mate acaba se metendo no meio de uma trama de espionagem, sendo confundido como uma agente secreto americano à serviço da Inteligência Britânica e tendo que se arriscar pra salvar o mundo e seu melhor amigo.
Só dessa sinopse você já pode perceber que o filme é um show, visualmente falando. Dessa vez, saímos de Radiator Springs e vamos conhecer países como Japão, Itália, França e Reino Unido. Todos os cenários do filme são deslumbrantes: a arquitetura das cidades, ruas, hotéis, construções, é pensada para funcionar perfeitamente para os carros andarem. É tudo muito colorido e detalhado (vide as cenas em Tóquio). Sem falar que dessa vez temos personagens novos, como aviões e barcos, mas suas participações são pequenas, afinal, o filme é sobre carros.
E carros é o que não falta nesse filme. Vemos carros de todos o tipos e de várias nacionalidades durante toda a trama, incluindo alguns famosos como a Rainha da Inglaterra, o Papa, Louis Hamilton (dublado por ele mesmo na versão original do longa) e Fernando Alonso (dublado por ele mesmo na versão em espanhol do filme). Participam do Grand Prix mundial carros de Fórmula 1, da Stock Car, e muitos outros. Até mesmo o Brasil é representado no filme, no papel de Carla Veloso, dublada na versão nacional pela cantora Claudia Leitte, que faz bem seu trabalho, para minha surpresa, mesmo que apenas por duas falas. Crédito, é claro, para o diretor de dublagem Guilherme Briggs que fez um trabalho tão bom quanto a dublagem do primeiro filme.
Eu gostei muito da trama do filme. A ação se faz presente de forma muito mais agressiva nesse longa, se compararmos com o original que, basicamente, só possui duas cenas grandes de ação: o início e o final. Impulsionadas pela temática de espionagem que serve de alicerce para toda a história, o filme é cheio de explosões, perseguições, cenas de tensão e bugigangas. Carros 2 é uma bela homenagem ao gênero de espionagem do cinema, desde sua bela trilha sonora composta por Michael Giacchino, com temas que o tempo todo me lembraram os filmes de James Bond, até as reviravoltas e personagens do filme, como o agente Fin McMíssil e o vilão alemão, Professor Z. Esse lado da espionagem é o que dá força e gera os conflitos da história, já que um filme só com corridas não seria muito interessante, não? Porém a impressão que se tem é que a Pixar se perdeu na ação e no visual e esqueceu o que é mais importante pra mim em seus trabalhos: o coração.
Carros 2 possui sim uma mensagem por trás de sua história e mais uma vez quem aprende com essa mensagem é Relâmpago McQueen, porém a lição de moral da vez não tem o mesmo impacto e a mesma profundidade quanto a do primeiro filme. A lição de moral é tão bobinha e infantil que ela é "aprendida" ainda no meio do filme! Faltou o lado adulto no longa, tão comum nos trabalhos anteriores da Pixar. Talvez isso seja uma consequência do fato de a trama girar praticamente o tempo todo ao redor de Mate, agora claramente um protagonista. Eu acho Mate um personagem irritante no primeiro filme e o comparo muitas vezes aos personagens tão comuns que a Dreamworks, por exemplo, gosta de usar como protagonistas: bobões, sempre se metendo em confusões por serem desastrados demais, e um tanto quanto histéricos e exagerados (vide Po, de Kung Fu Panda, o Burro, de Shrek, e Megamente). Apesar de parecido com o estereótipo da Dreamworks, dei uma chance para Mate no primeiro longa por ele ser apenas um coadjuvante, porém em Carros 2 a Pixar me fez o favor de inverter os papéis e assim, fugiu totalmente de sua fórmula perfeita para filmes perfeitos, na minha opinião. Só dou um desconto por eles terem adicionado uma leve carga emocional para Mate, perto do clímax, o que diminuiu um pouco o lado bobão dele e ajudou a criar a imagem de herói que ele assume no clímax do longa.
Porém não posso ficar só criticando como um fã e perder o senso crítico. Depois que o filme acabou, ficou claro pra mim que o interesse da Pixar em Carros 2 foi, acima de tudo, comercial, já que é um dos filmes que mais rendeu lucros para o estúdio com produtos de seus personagens. Sem falar no apelo que um carro falante tem para uma criança. É muito maior do que um velho carrancudo de bengala ou um robô que, apesar de apaixonante, não diz uma única palavra além do próprio nome. É uma pena ver a Pixar se render a esses dogmas e não estimular a inteligência e os sentimentos de seu público, principalmente infantil, como fez em Toy Story 3 e Wall-E.
Carros 2 seria facilmente um filme para sair direto em DVD, como uma daquelas continuações de clássicos Disney que nunca é tão lembrada e cultuada como o original. Só não digo que não vale a pena ver no cinema porque seu design é belíssimo, suas cenas de ação são ótimas e a trama de espionagem é interessante, porém fica muito longe do original em termos de profundidade e história. Até mesmo o 3D não acrescenta muito ao longa. Infelizmente Carros 2 não me marcou, o que me faz classificá-lo como desnecessário no currículo da Pixar e acredito que tenha poucas chances para ganhar um Oscar ano que vem. Só me resta torcer para que seus próximos trabalhos não cometam os mesmo erros que esse, afinal, tem outra continuação vindo pela frente, não é mesmo? Espero que eles sejam menos óbvios na próxima vez e aprendam com seus próprios erros. Eles sempre foram os primeiros dessa corrida e não quero ver meu estúdio favorito comer poeira e ficar pra trás.

Crítica publicada no dia 26 de junho de 2011 no site Disney Mania.

Críticas do Caribe: 4 aventuras, um especial!



Para comemorar o retorno do Capitão Jack Sparrow aos cinemas, decidi descrever um pouco da minha opinião sobre toda a quadrilogia já lançada de Piratas do Caribe, não tanto como críticas, mas como opiniões pessoais de um fã mesmo. No final de tudo, farei um TOP 4 pessoal com a ordem de filmes favoritos da franquia. Espero que gostem!


"Yo-ho,
All hands,
Hoist the colors high.
Heave ho,
Thieves and beggars,
Never shall we die."


Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra

Lembro que o primeiro Piratas do Caribe saiu mais ou menos na mesma época que Mansão Mal-Assombrada, outro filme que tinha gostado bastante, também da Disney e baseado em uma atração do parque. Claro que quis assistir, mas não esperava muito mais do que um filme como Mansão Mal-Assombrada: Engraçado, divertido e legal, mas nenhuma obra-prima. Me enganei de forma medonha. Saí do cinema encantado com o filme que tinha visto. Não era nenhum fã nem conhecedor da carreira de Johnny Depp. Nem ao menos liguei o nome à pessoa, porém foi comPiratas do Caribe que virei fã desse grande ator. Foi seu Jack Sparrow que chamou minha atenção para seu trabalho. Os trejeitos, os tiques, as piadas, as caras e bocas, as artimanhas, tudo em Jack Sparrow me cativou e ele está hoje entre um dos meus personagens de cinema favoritos.
O filme conta a história do Capitão Jack Sparrow, que é vítima de um motim organizado pelo Capitão Barbossa, que rouba seu navio, o Pérola Negra, e mais tarde ataca a cidade de Port Royal, raptando Elizabeth, a filha do governador. Para resgatá-la e recuperar o Pérola Negra, Jack junta esforços com o ferreiro Will Turner. O que Will não sabia é que uma antiga maldição condenou Barbossa e sua tripulação a viverem como mortos-vivos e que ele próprio tem uma participação importante nos planos do malvado pirata amaldiçoado.
Se só o protagonista já me fez adorar o filme, a trama de Piratas do Caribe me levou a um universo encantador, misterioso e interessante, como poucos filmes conseguem fazer. A idéia de piratas saqueando portos e cidades apenas por prazer já é antiga, mas Piratas do Caribe usa toda essa carga histórica que nós já conhecemos dos livros de história e acrescenta o tom do fantástico, onde mitos, lendas e maldições são algo real e ameaçador. Mal posso descrever como fiquei de boca aberta na cena em que Elizabeth vê como a tripulação do Pérola Negra é realmente à luz do luar. A fotografia, os efeitos e, é claro, a trilha sonora são de enlouquecer. Até porque, a faixa dessa cena é a minha favorita da trilha sonora do primeiro filme, composta por Klaus Badelt.
Balanceando vários gêneros em sua trama, Piratas do Caribe acertou na fórmula, ao misturar, ação, humor, romance e fantasia em uma única história. Em momento algum um gênero sobrepõe o outro. As cenas de ação são controladas e espalhadas por todo o filme de forma confortável e de uma forma que mantém a atenção do espectador presa. O humor dá seu ar da graça em quase todas as cenas, tanto no papel de Jack Sparrow quanto com outros personagens, como a dupla de piratas amaldiçoados do Pérola Negra que lembra muito “o gordo e o magro”. Já o romance, é levemente inserido na trama, através de Will Turner, que faz de tudo para resgatar Elizabeth, seu grande amor, desde criança.
Outro ponto interessante na trama é a quantidade de reviravoltas que acontecem durante o longa. Ao assistir pela primeira vez, é impossível prever o que acontece a seguir no filme, pois sempre algum pirata, seja ele Jack Sparrow, ou Barbossa ou até mesmo Will ou Elizabeth estão arquitetando alguma forma de lucrar em cima da situação do outro. E são essas surpresas que deixam o filme engraçado e empolgante a ponto de querermos mais e mais de Jack Sparrow e suas loucas aventuras. Mal sabia eu, quando assisti pela primeira vez, que muito mais pirataria viria pela frente nessa maré alta...


Piratas do Caribe: O Baú Da Morte

Épico. É assim que classifico esse filme. Todas as características, técnicas e idéias que aprecio em um bom filme de aventura e ação estão presentes em O Baú da Morte. Quando soube que uma continuação seria feita para Piratas do Caribe, fiquei muito feliz com a notícia. Ainda mais quando soube que seriam dois filmes, que juntos, contariam uma só história, assim como aconteceu com Matrix através de Matrix Reloaded e Matrix Revolutions. Claro que nesses casos, o resultado não foi tão perfeito quanto o original, mas para Piratas do Caribe eu tinha a sensação (talvez coisa de fã) de que seria diferente. E foi.
O Baú da Morte começa um pouco depois de onde A Maldição do Pérola Negra acabou. Elizabeth, já em seu vestido de noiva, vê seu casamento com Will Turner ser arruinado pelo Lorde Cutler Beckett, que procura pelo Capitão Jack Sparrow, foragido da lei. Com a intenção de salvar a própria pele da forca, o casal parte em busca do velho amigo Jack, mas mal sabem eles que irão se envolver num problema ainda maior: Jack Sparrow tem uma dívida com Davy Jones, o cruel capitão do navio amaldiçoado conhecido como O Holandês Voador. Com a ameaça de ter sua alma amaldiçoada por cem anos, Jack então precisa procurar o misterioso baú que guarda o coração ainda pulsante de Davy Jones, para assim, se tornar novamente um homem livre.
A trama é simples? Nem tanto. A partir do momento que o objetivo principal da trama é traçado, todos os personagens principais passam a ter um certo interesse no baú de Davy Jones, o que nos leva à principal moeda pirata conhecida nesses mares: a barganha e a lábia. A quantidade de reviravoltas, escapadas e mudanças na trama é tão grande quanto às do primeiro filme, impulsionadas ainda mais pelas cenas de ação que nesse filme são muito mais grandiosas e épicas, se comparadas ao original.
Davy Jones é meu vilão favorito da série, e Bill Nighty é em grande parte responsável por isso. Sua atuação, mesmo por trás de todos os efeitos especiais que modificam de forma tão perfeita seu rosto, é sublime e nos passa tensão e medo como só um real pirata cruel e sem escrúpulos é capaz. Sua frase mais conhecida (“Você teme a morte?”) me faz ter arrepios até hoje quando assisto o filme. Sem falar que, de todos os vilões da série, ele é o que tem a personalidade e a história mais interessantes, pois antes de se tornar o monstro que é no filme, Davy Jones fora, outrora, um homem, que era apaixonado por uma mulher, porém, também era apaixonado pelo mar e, ao tentar viver entre as duas paixões, acabou arrancando o próprio coração e guardando no tão cobiçado baú, para que jamais tenha que amar outra vez. Sua história é simplesmente fascinante! E olha que isso não é nem metade de tudo que está por trás desse vilão...
O Baú da Morte nos traz todos os personagens que conhecemos do primeiro filme de volta e ainda nos apresenta alguns novos como o já mencionado Davy Jones, Lorde Becket que é uma espécie de sub-vilão que trabalha para a Companhia das índias Orientais e também quer lucrar com o baú de Jones e a minha favorita, Tia Dalma, mulher misteriosa, que vive em um pântano e serve de guia para Jack em sua jornada em busca da própria salvação.
Johnny Depp está tão genial quanto no primeiro filme e nos faz rir ainda mais com as maluquices e esquisitices de um Jack Sparrow que, nesse filme, deixa revelar um dos seus maiores medos: a morte. É interessante ver essa faceta covarde e não tão brincalhona de Jack, pois ele, ao se ver prestes a escolher entre a morte e cem anos de servidão, tenta de tudo para conseguir o que quer. E Johnny sabe muito bem como balancear essas duas partes do nosso amado Capitão Sparrow. O romance de Elizabeth e Will também está presente nesse filme porém, como o amor de ambos já foi confirmado no primeiro filme, em O Baú da Morte, a união do casal é ameaçada pela recente aparição de Bill Turner, pai de Will que está preso ao Holandês Voador por causa de Davy Jones.
Outro ponto positivo é a inserção do Kraken na história. Criatura mitológica, no filme, o grande polvo gigante é como um “bicho de estimação” de Davy Jones e é o protagonista de grandes cenas de ação (e destruição) do filme que ficam ainda melhores com a trilha sonora do genial Hans Zimmer que substitui Klaus Badelt como compositor do filme e cria faixas geniais para o longa. O maior exemplo disso são as faixas que representam o Kraken e Davy Jones, que usa de forma magistral um órgão, típico de igrejas, para dar o tom de urgência e tensão à cena. É simplesmente de arrepiar.
Mas não posso deixar de comentar o final do filme. Não só a última cena, mas todo o seu clímax. Depois de todo o filme nos levar à uma montanha russa de reviravoltas e descobertas, o clímax nos traz a morte totalmente inesperada de nosso personagem mais amado,  Jack Sparrow, e ainda deixa em aberto questões como, o destino do coração de Davy Jones, já fora de seu baú, e o romance de Elizabeth com Will, praticamente desfeito. Sem falar na verdadeira última cena do longa: quando todos estão tristes, sem esperança e de luto por Jack, Tia Dalma pergunta, numa cena de arrepiar, se todos eles estão dispostos a viajar aos confins da Terra, e além, para trazer o Pérola Negra e o espirituoso Jack de volta.  Com todos concordando, ela então revela quem os guiará a tal destino: Capitão Barbossa, vilão do primeiro filme que havia sido morto por Jack no final do mesmo. E sua aparição é a última coisa que vemos no filme! Lembro que quando a tela escureceu no cinema e os créditos começaram, eu soltei um palavrão de surpresa e fiquei em estado de choque e expectativa por muitas horas depois. E acreditem, até hoje me arrepio com esse final. Em termos de finalização e de ganchos para um filme que continua em outro, é o melhor que vi até hoje.
O problema de toda essa genialidade e qualidade de O Baú da Morte foi ter que esperar tanto tempo pra ver a conclusão da história, já que quando o filme acabou tudo o que eu queria era que o cinema botasse o próximo para exibir. Mas como nem tudo o que queremos vira realidade, todos nós tivemos que esperar por isso...


Piratas do Caribe: No Fim do Mundo

O filme já anuncia que será épico pelo seu título. Os trailers mostram cenas incríveis de batalhas em redemoinhos tempestuosos e em abismos nos extremos da Terra. Mostram navios navegando em um deserto e ainda mais ação que os filmes anteriores. No Fim do Mundo é sim tudo isso, mas peca em usar em excesso a fórmula dos seus antecessores.
O filme começa exatamente onde acaba O Baú da Morte: Jack Sparrow depois de afundar com o Pérola Negra por causa do Kraken, está preso nos domínios de Davy Jones. Enquanto isso, a Companhia das Índias Orientais, comandada pelo Lorde Beckett, estão de posse do coração de Davy Jones e seu baú e, por isso, controlam todas as ações do insatisfeito vilão e, consequentemente, os sete mares. Cabe então a Elizabeth, Will, Barbossa e toda sua tripulação ir até Cingapura a procura do pirata chinês Sao Feng, que possui um mapa que pode levá-los até Jack, já que o Capitão Sparrow está de posse de uma das nove moedas de prata que podem trazer de volta a poderosa deusa Calypso para ajudá-los a derrotar Davy Jones, Cutler Beckett e seu exército de navios ingleses.
Seria tudo uma maravilha se essa não fosse a sinopse apenas da primeira metade do filme. A trama é muito mais complicada. E é por ser tão complicada que o filme acaba perdendo. Apesar de começar muito bem, com uma ótima narrativa e boas cenas de ação, o filme perde o ritmo com uma hora de duração e se perde numa maré (sem trocadilhos) de reviravoltas, traições, mudanças de curso, decisões e prioridades. Fica dificílimo acompanhar e entender tudo ao assistir o filme pela primeira vez. Lembro que chegou um ponto da história que eu já não sabia o real objetivo da maioria dos personagens! Precisei rever o filme umas duas ou três vezes para finalmente entender todas as tramóias, planos e reviravoltas da trama. Se o primeiro o e o segundo gozam de uma ótima balança entre as cenas de ação, humor, romance e mudanças na trama típicas da franquia, o terceiro filme pesa demais nas tramóias e exagera no quesito “pirataria”, fazendo desse um filme confuso e cansativo. É quase uma hora de projeção com muito pouca ação e muita informação para ser digerida. Sem falar em partes da trama que são mal explicadas ou simplesmente não são, como, por exemplo, a relação entre Tia Dalma e Davy Jones.
Mas é claro que há pontos positivos em O Fim do Mundo. As cenas de ação e os efeitos especiais atingem um patamar de perfeição que enche os olhos. É quase impossível descrever o quanto o clímax do filme é épico e de arrepiar. Só as tomadas em que a água da chuva molha o rosto triste e apaixonado de Davy Jones já valem a cena. E só melhora quando vemos o Pérola Negra e o Holandês Voador em uma batalha de tirar o fôlego no meio de um redemoinho. É sensacional.
Sem falar nas indiretas e informações escondidas no filme. A cena em que Elizabeth, já nomeada “Rei dos Piratas”, discursa sobre como todos eles devem lutar para ter sua liberdade de piratas de volta é simplesmente linda. E só melhora quando ela pede para todos eles hastearem suas bandeiras e então vemos vários tipos de bandeiras piratas diferentes. Bandeiras essas que foram baseadas nas que existiram realmente na nossa história, e que foram usadas por piratas de todo o mundo no passado. É uma linda homenagem à esses marujos fora da lei.
A trilha sonora continua incrível, ainda composta por Hans Zimmer e dá o tom certo para todo o filme. Interessante que ele até compõe as músicas cantadas no longa, já que No Fim do Mundo começa exatamente com piratas e pessoas ligadas à pirataria sendo levadas à forca e cantando a música "Hoist the Colours", que serve como um chamado de socorro para os nove lordes piratas, e que traduz de forma belíssima o clima de tristeza e guerra do filme.
A cena final não é empolgante com a do segundo filme, já que todo o arco dramático começado em O Baú da Morte é encerrado nesse longa, deixando apenas uma deixa na última cena, onde Jack Sparrow, novamente sem o seu Pérola Negra, decide seguir rumo à Fonte da Juventude ainda em sua busca incessante rumo à imortalidade. Eu achava que a franquia seria encerrada nesse filme, já que a própria crítica ao terceiro longa não foi totalmente positiva. Mas Jack Sparrow é persistente e sua jornada à Fonte da Juventude se manteve como uma expectativa para o público. E aDisney escutou e provou que eu estava errado: Jack Sparrow ainda não iria se aposentar tão cedo...


Piratas do Caribe:  Navegando em Águas Misteriosas

Esse filme é, definitivamente, o recomeço da série. Seguindo os moldes do primeiro filme da franquia, Navegando em Águas Misteriosas abusa da mistura de gêneros, que foi a fórmula perfeita para o primeiro filme ter o sucesso que teve. É um filme de ação pirata com muito humor e doses boas de romance, assim como o original. Dessa vez Jack Sparrow, ainda sem um navio, está em busca da Fonte da Juventude, porém em seu caminho, ele cruza com Angélica, filha do Barba Negra, pirata temido por todos os outros piratas, inclusive Jack. Acrescente a tudo isso o Capitão Barbossa, que agora é capitão da marinha real inglesa, e os espanhóis que também estão em busca das águas que rejuvenesce quem as bebe. Misture isso tudo e você terá uma corrida sem limites à Fonte, onde Jack terá que enfrentar perigosas criaturas como Sereias e Zumbis, mas também terá que lidar com seus sentimentos e divergências com Angélica, que é seu antigo amor.
Devo confessar que senti falta de ritmo em várias partes do filme. A trama simplesmente desacelerava e ficava parada demais. Claro que as cenas de ação logo voltavam e nos empolgavam, mas isso é algo que não esteve presente no primeiro ou no segundo filme por exemplo. Mas nada que faça do filme algo insuportável. O terceiro é muito pior nesse sentido. Comparado à No Fim do Mundo, o quarto filme é consideravelmente ágil, prende a atenção do espectador com uma trama interessante de se acompanhar e tem ótimas cenas de ação. Destaco a cena do ataque das sereias que é simplesmente de cair o queixo e também o clímax que, como sempre, tem algumas reviravoltas para nos trazer algumas surpresas.
A trilha sonora está impecável, como todo trabalho de Hans Zimmer, mas não é nada muito diferente da trilha dos outros filmes. Hans apenas pegou algumas faixas das trilhas anteriores e mudou acordes e notas, para usá-las nesse longa. Porém ele, é claro, acrescentou coisas novas ao seu trabalho, como algumas faixas onde o violão é excessivamente explorado, ligando a música à origem latina de Angélica. Sem falar no uso de vozes de coro na maioria das cenas de ação, como a já citada cena das sereias. Isso foi algo que me agradou muito, já que na minha opinião, se você é um compositor e quer fazer uma cena de ação/fantasia se tornar épica, ponha vozes de coro em uma trilha sonora potente que tudo vai dar certo.
Como todo filme da franquia, o vilão da vez me conquistou. Não tanto quanto Davy Jones, mas sua primeira cena no filme é simplesmente apoteótica e muito parecida com a primeira cena de Barbossa em A Maldição do Pérola Negra! Fiquei empolgadíssimo com a idéia de um pirata que controla de tal forma seu próprio navio. Sem falar em todo o lado místico de seu poder, como o Vudu, discretamente adicionado à trama. É genial! E Ian McShane foi uma escolha acertada para o papel, com certeza. A crueldade do Barba Negra é sentida antes mesmo dele aparecer, quando vemos que seu navio é todo vermelho sangue e se chama “The Queen Anne's Revenge”.
Penélope Cruz, apesar de pecar bastante em atuação, faz bem seu papel no filme e tem uma ótima química com Johnny Depp. Não gostei do romance entre Phillip e a sereia Syrena. Simplesmente não me interessei pela história do casal como aconteceu com Will e Elizabeth, no primeiro filme. Foi fraca, mal explorada e não se encaixou bem à trama. O romance de Jack e Angélica, ainda que aos trancos e barrancos, cativa mais o espectador do que o novo casal de pombinhos da franquia. Mas, caso haja uma continuação, espero que melhorem isso. Quem sabe algo no estilo A Pequena Sereia na história?
Para um quinto filme, eu arriscaria uma trama onde, tanto Jack quanto Phillip (e todos os outros piratas/marinha real) iriam atrás de algum objeto que traz estimado poder a quem o possui (como uma certa pirata menciona no fim desse filme) e que, no caso de Phillip, poderia usá-lo para, ou transformá-lo em "sereiano" ou transformar Syrena em humana. Enfim, seria algo parecido com a trama e os interesses predominantes em O Baú da Morte e No Fim do Mundo. Enfim, só suposições...
No geral, o balanço desse quarto filme é positivo. Apesar de gostar mais do estilo levemente épico e místico do segundo, esse quarto traz à franquia novos ares, semelhantes à euforia que o primeiro filme trouxe quando eu assisti pela primeira vez. E que me tragam mais pirataria e rum, because I want a pirate’s life for me, savvy?

Ok, resultado final  do meu TOP 4 de Piratas do Caribe:
1º) O Baú da Morte2º) A Maldição do Pérola Negra3º) Navegando em Águas Misteriosas4º) No Fim do MundoNão deixem de comentar e deixar sua opinião sobre a franquia e sobre o novo filme do Capitão Jack Sparrow!
"Yo-ho,
Haul together,
Hoist the colors high.
Heave ho,
Thieves and beggars,
Never shall we die."

Crítica publicada no dia 4 de junho de 2011 no site Disney Mania.